sábado, 6 de junho de 2009

Em Busca do Mestre


Na noite de 18 de março de 1954, os apontamentos educativos, na fase terminal da reunião, foram trazidos por Meimei, a irmã responsável pelas tarefas do Grupo, que enfeixou em sua mensagem falada, aqui transcrita, todo um poema evangélico, incentivando-nos ao trabalho de comunhão com o Senhor.


Aos ouvidos da Alma atormentada, que lhe pedia a comunhão com Jesus, respondeu, generoso, o mensageiro celestial:
– Sim, em verdade reconheces no Cristo o Senhor, mas não te dispões a servi-lo...

Clamas por Ele, como sendo a Suma Compaixão, todavia, ainda te acomodas com a maldade...
Não te cansas de anunciá-lo por Luz dos Séculos, entretanto, não te afastas da sombra...
Dizes que Ele é o Amor Infinito, mas ainda te comprazes na agressividade e no ódio...

Afirmas aceitá-lo por Príncipe da Paz e não vacilas em favorecer a discórdia...

– Contudo – suplicou a Alma em pranto –, tenho fome de consolo, no aflitivo caminho em que se me alongam as provações... Que fazer para encontrar-lhe a presença redentora?!...

– Volta ao combate pela vitória do bem e não desfaleças! – acrescentou o emissário celeste. – Ele é teu Mestre, a Terra é tua escola, o corpo de carne a tua ferramenta e a luta a nossa sublime oportunidade de aprender. Se já lhe recolheste a lição, sê um traço dEle, cada dia... Ama sempre, ainda que a fogueira da perseguição te elimine a esperança, estende os braços ao próximo, sem esmorecer, ainda que o fel das circunstâncias adversas te envenene a taça de solidariedade e carinho!... Sê um raio de luz nas trevas e a mão abnegada que insiste no socorro fraternal, ainda mesmo nos lugares e nas situações em que os outros hajam desistido de auxiliar... Vai! Esquece-te e ajuda no silêncio, assim como no silêncio recolhes dEle o alento de cada instante! Não pretendas improvisar a santidade e nem esperes partilhar-lhe, de imediato, a glória sublime! Ouve! Basta que sejas um traço do Senhor, onde estiveres!...

Aos olhos da Alma supliciada desapareceu a figura do excelso dispensador dos Talentos Eternos.
Viu-se, de novo, religada ao corpo, sob desalento inexprimível...
Contudo, ergueu-se, enxugou os olhos doridos e, calando-se, procurou ser um traço do Mestre cada dia.

Correu, célere, o tempo.

Amou, tolerou, sofreu e engrandeceu-se...

O mundo feriu-a de mil modos, os invernos da experiência enrugaram-lhe a face e prantearam-lhe os cabelos, mas um momento surgiu em que os traços do Mestre como que se lhe gravaram no íntimo...

Viu Jesus, com todo o esplendor de sua beleza, no espelho da própria mente, no entanto, não dispunha de palavras para transmitir aos outros qualquer notícia do divino milagre...

Sabia tão-somente que transportava no coração as estrelas da alegria e os tesouros do amor.




Meimei

No Intercâmbio


Na noite de 1.º de abril de 1954, ao término de nossa reunião, José Xavier, que foi companheiro militante do Espiritismo em Pedro Leopoldo, já desencarnado, desde 1939, e que ainda hoje é um cooperador leal e amigo em nosso Grupo, tomou o instrumento mediúnico e conversou conosco, sobre o intercâmbio com as entidades sofredoras, deixando-nos as impressões aqui transcritas.


No trato com os nossos irmãos desequilibrados, é preciso afinar a nossa boa-vontade à condição em que se encontram, para falar-lhes com o proveito devido.
Vocês não desconhecem que cada criatura humana vive com as idéias a que se afeiçoa.
Quantos no mundo se julgam triunfantes na viciação ou no crime, quando não passam de viajores em declive para a queda espetacular! E quantos companheiros aparentemente vencidos, são candidatos à verdadeira vitória!...
Mesmo entre vocês, não é difícil observar mendigos esfarrapados que, por dentro, se acreditam fidalgos, e pessoas bem-nascidas, conservando a humildade real no coração, entre o amor ao próximo e a submissão a Deus!...
Aqui, na esfera em que a experiência terrestre continua a si mesma, os problemas dessa ordem apenas se alongam.
Temos milhares de irmãos escravizados à recordação do que foram no passado, mas, ignorando a transição da morte, vivem por muito tempo estagnados em tremenda ilusão!
Sentem-se donos de recurso que perderam de há muito e tiranos de afeições que já se distanciaram irremediavelmente do trecho de caminho em que paralisaram a própria visão.
Nos campos e cidades terrestres, a cada passo topamos antigos dominadores do solo, os quais a morte não conseguiu afastar de suas fazendas; magnatas de indústria que o túmulo não separou dos negócios materiais, e homens e mulheres em massa que, sem a veste do corpo, continuam agrilhoados aos prazeres e aos hábitos em que fisgaram a própria alma...
Convidados à revisão do estado consciencial em que se alojam, irritam-se e defendem-se, como ouriços contentes no espinheiro em que moram, quando não se ocultam, matreiros, no egoísmo em que se deleitam, ao modo de velhas tartarugas a se esconderem na carapaça, ao primeiro toque estranho às sensações com que se acomodam.
Se insistimos no socorro espiritual de que necessitam, vomitam impropérios e cospem blasfêmias...
Mas, com isso, não deixam de ser doentes e loucos, agindo contra si mesmos e solicitando-nos amparo.
Sentem-se vivos, tão vivos, como na época em que se embebedaram de mentira, fascinação e poder.
O tempo e a vida correm para diante, por fora deles, mas, por dentro, imobilizaram a própria alma na fixação mental de imagens e interesses, que não mais existem senão no mundo estreito desses infelizes irmãos.
Querem apreço, consideração, apoio, carinho...
Não pedimos a vocês estimular-lhes a fantasia, contudo lembramos a necessidade de nossa tolerância, para que lhes possamos contornar, com êxito, as complicações e labirintos, dando-lhes, ao mesmo tempo, idéias novas com que empreendem a própria recuperação.
Figuremo-los como prisioneiros, cuja miséria não nos deve sugerir escárnio ou indiferença, mas sim auxílio deliberado e constante para que se ajudem.
Cultivemos, assim, a conversação com os desencarnados sofredores, sem curiosidade maligna, ouvindo-os com serenidade e paciência.
Não nos esqueçamos de que somente a simpatia fraternal pode garantir a obra divina do amor.

José Xavier

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Transcomunicação Instrumental

Alimentação Carnívora

Chico Xavier com Jesus e com Kardec

O Espiritismo com Jesus e Kardec deve estar e estará, sempre, com o auxílio dos Mensageiros do Senhor, muito acima de nós. Assim tenho aprendido de nossa doutrina de luz e amor. Não posso, mas não posso mesmo, considerar-me um médium com qualidades especiais. Preciso, e preciso muito, do amparo de todos os companheiros da nossa causa, principalmente no que se refere aos assuntos de orientação doutrinária, para que as minhas fraquezas de criatura não se imiscuam nas manifestações de bondade dos benfeitores espirituais. Médium falível, e talvez até mais falível do que os outros de minha singela condição, se estou bem, isso se deve à presença dos benfeitores espirituais em meus passos, e se estou mal, o que acontece muitas vezes, e que estou em mim mesmo e por mim mesmo. Nessa luta prossigo. E, por isso mesmo, necessito do apoio de todos os amigos que amam a nossa doutrina redentora. Continuo, desse modo, a pedir e pedir as preces de todos os irmãos em meu favor, e vou seguindo, na marcha dos dias, confiando nos Mensageiros de Jesus.

O EXEMPLO MAIOR

Extraímos os trechos acima de uma carta que Chico Xavier nos enviou, com data de 19 do mês findo.
Carta íntima, seguida de outra acompanhando a mensagem para esta seção, que publicaremos no próximo domingo. Os conceitos emitidos pelo médium, com a espontaneidade e a humildade que o caracterizam, são de tal ordem que não nos sentimos no direito de reservá-los apenas para nós e as pessoas de nossa intimidade.
Palavras como essas devem ser levadas ao conhecimento de nossos leitores, pois nos dão a imagem exata do médium, de sua posição no momento de crise que estamos atravessando, e oferecem a todos nós o exemplo maior do que carecemos.
O Espiritismo, sendo o Consolador prometido por Jesus, que nos leva a toda a verdade, não pode conciliar-se com as simulações e fantasias das convenções humanas. Temos de aprender a enfrentar a verdade à luz do dia, a mostrar-nos como realmente somos, a não esconder ao público as deficiências naturais da nossa condição humana. Inútil querermos passar por criaturas modelares e infalíveis ou querermos fingir que o movimento doutrinário não tem falhas. Chico sempre nos deu esse exemplo, mas nunca ele se tornou tão necessário e capaz de tocar-nos como agora.
Temos de compreender que o Espiritismo é uma doutrina aberta, sem mistérios reservados a nenhuma categoria de iniciados, sem nada oculto, e que o movimento doutrinário e a própria marcha do homem ─ em sua expressão individual e coletiva ─ na busca da verdade sobre a sua própria essência e o seu destino. Todos devem participar dessa marcha, não só os espíritas, como possíveis privilegiados de um deus sectário e caprichoso. Jesus, com o seu sacrifício, não rasgou apenas o véu do Templo de Jerusalém, mas também os véus de Isis e de todas as confrarias privilegiadas do passado. O Cristianismo implantou na Terra a democracia espiritual, que os homens deformaram com o fermento velho do seu farisaísmo, mas que os espíritos restabelecem através do Espiritismo.
Os que desejam oferecer ao público uma imagem artificial do movimento espírita, enganam-se a si mesmos, antes de enganar os outros. Os que pretendem apresentar um médium como Chico Xavier, aos olhos do povo, como uma espécie de semideus, perturbam a própria missão do médium, que sempre se esforçou para mostrar-se como um simples homem, sujeito às deficiências humanas. A autenticidade de Chico Xavier e de sua mediunidade ressaltam de suas constantes declarações públicas, sempre marcadas por uma consciência nítida, jamais disfarçada, de sua fragilidade humana.
No fundo, os endeusadores do médium nada mais fazem do que endeusar-se a si mesmos. E a tendência natural da criatura humana de querer engrandecer-se à custa da grandeza alheia: do mestre, do chefe, do sacerdote, do pastor ou do médium. Mas o Espiritismo é contrário a essa tendência, que foi útil e até mesmo necessária no passado, e agora está superada e se transforma num estorvo à evolução humana. A revelação espírita alargou e aprofundou a nossa visão da realidade, mostrou-nos o mundo, a vida e o homem como realmente são, libertou-nos das ilusões mitológicas.
Estamos na era da razão, no limiar da era do espírito. As iniciações ocultas não têm mais nenhum sentido.
Os privilégios sacerdotais desaparecem com os privilégios da nobreza política. Avançamos, como anunciou Kardec, para os tempos da aristocracia intelecto-moral, em que os valores individuais não se medem pelos títulos perecíveis, mas pelas aptidões espirituais do desenvolvimento evolutivo. Conhecemos as leis que regem o crescimento moral das criaturas e sabemos que todos, igualitariamente, estamos sujeitos a elas e, como afirmava o Apóstolo Paulo, "somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo".
É por isso que Chico Xavier, à revelia dos que desejam endeusá-lo, reconhece de público a sua fragilidade humana e não pretende passar por criatura privilegiada. Longe dele essa pretensão orgulhosa. Chico, nosso irmão, nosso companheiro, marcha conosco nas provas do mundo.

José Herculano Pires

Auto-renovação

Atualmente, na Terra, todos ouvimos, com frequência, a afirmativa geral — "eis que o mundo se transforma".
Efetivamente, no Plano Físico, em apenas um quartel de século, alteraram-se basicamente quase todos os setores da vida em si.
Robôs específicos, quais sejam tratores ou máquinas de lavar, poupam imensidade de trabalho e os processos de intercâmbio, os mais rápidas, converteram o Planeta em casa grande com grande família interunida nas mesmas realizações e nas mesmas dificuldades.
A criatura humana, porém, conquanto se extasie perante os avanços do progresso e, por vezes, se veja constrangida a súbitos deslocamentos emocionais, em vista das novas orientações psicológicas, observa, dentro de si própria, que as ocorrências do espírito continuam as mesmas.
O amor genuíno não sofreu qualquer modificação; a atração dos sexos, do ponto de vista da coletividade, não 'experimentou mudança alguma; o sofrimento moral é absolutamente semelhante àquele que devastava civilizações de há muito desaparecidas; o imperativo da educação não abandonou o lugar que lhe compete na vida comunitária; a ordem social não passou por alienação nenhuma, a fim de que a segurança comum se faça resguardada nos alicerces da justiça; e a morte prossegue em toda parte, como sendo uma força que se impõe
no mundo à custa de lágrimas.

Consideremos tudo isso e não te permitas abater se lutas, porventura te assediem a estrada.
Ante a perspectiva de mais mudanças no plano exterior, no imo da alma, sejamos mais nós mesmas.
Por mais complexa se mostre a moldura do quadro em que vives, no mundo, nele transitas, à feição de viajor, no hotel das facilidades materiais, com vinculações de trânsito e compromissos de tempo certo.

A Terra se renova, substancialmente, oferecendo reconforto em todas as direções; entretanto ponderamos com respeito — é preciso saibas o que fazes de ti para que o carro da evolução não te colha sob as suas rodas inexoráveis:

Ampara-te na fé em Deus, seja qual seja o campo religioso em que estagies, construindo resistência íntima com os recursos do conhecimento e do amor.
Desvincula-te das preocupações improdutivas para que te não afastes da essencial.
Usa os bens que a vida te empresta atendendo ao bem dos outros, sem permitir que os bens dos quais te fizeste usufrutuário te acorrentem ao poste das aflições inúteis.
Serve sem apego.
Ama sem escravizar o próximo ou a ti mesma.
E ilumina-te, seguindo adiante.

É da Lei Divina que o mundo se transforme independentemente de nossa vontade, mas é igualmente da Lei do Senhor que a nossa renovação; sejam quais forem as influências exteriores, dependa sempre e exclusivamente de nós.


Emmanuel

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Alexandre Dumas, Pai

A velha França, berço de notáveis e populares escritores, romancistas e poetas, deu-nos Alexandre Dumas, cognominado - Pai -, a fim de não surgir confusão com seu filho de igual nome e que também, como romancista, se celebrizou principalmente com a "Dama das Camélias".
Alexandre Dumas, pai, foi talvez o mais fecundo dos dramaturgos românticos, bastando dizer-se, como índice de sua produtividade, que em vinte anos compôs 400 romances e 35 dramas, isto sem se levar em conta artigos, poesias e crônicas que ficaram perdidos.
Sua obra "Os Três Mosqueteiros" alcançou êxito universal, o que por si só seria suficiente para consagrá-lo.
Alexandre tinha quatro anos de idade, quando seu pai desencarnou. O garoto, ao sair da câmara mortuária, avançou em direção a uma escada de acesso ao andar superior, arrastando um rifle. Dizem que sua mãe o interpelara sobre o que ia fazer.
- Vou para o Céu, vou brigar com Deus porque ele matou meu pai.
O espírito de Alexandre Dumas, pai, não obstante o cerceamento que experimentava, por força de seu corpo físico ainda frágil, já se revelava, conforme se constatou no decorrer de sua vida, um impetuoso lutador contra as forças insuperáveis.
Aventurou-0se, quando ainda muito jovem e sem dispor de recursos, a empreender uma viagem a Paris, somente para falar ao grande ator trágico Talma. Querer, para ele, era poder. De fato, foi à noite ao camarim desse artista, e o velho ator, encantado com o espírito do jovem, indagou-lhe qual a sua profissão.
- Sou escrevente, disse, de um notário, mas gostaria de ser escritor.
- E porque não? - retrucou Talma. - Corneille começou também como escrevente de um notário!
E o jovem Dumas foi logo dizendo:
-Muito obrigado. E, por favor, não poderia o senhor tocar na minha testa para me dar sorte?
E o velho ator, sorrindo, colocou a mão sobre a fronte de Alexandre, proferindo as seguintes palavras:
- Batizo-te poeta em nome de Shakespeare, Corneille e Schiller.
Dumas não tomou isso como brincadeira, pelo que disse à Talma:
- Hei de provar-lhe e ao mundo inteiro. E será agora!
Foi para a casa e começou a dramatizar o romance de W. Scott, "Ivanhoé".
Alexandre tinha uma maneira muito singular de escrever; jamais se cingiu às regras impostas pelos grandes mestres. Para seu temperamento, ou melhor, para sua sensibilidade mediúnica, "a rigidez clássica não passava de uma camisa de força".
A inspiração foi a fonte mágica de seu gênio. Escrevia de um jato e jamais passava a limpo o que escrevia.
Goethe, o grande Goethe, preocupado com as iniciativas de Dumas, recomendava-lhe moderação. "Não queiras ultrapassar teus mestres. Evita exagerar tua atividade; toda atividade sem método conduz à bancarrota. É preciso que a Arte seja a regra da imaginação para que se traduza em poesia."
Alexandre, porém, não podia compreender estas palavras de Goethe, e não podia compreendê-las porque escrevia sob inspiração mediúnica, e a verdade do que dizemos está nestas suas palavras: "Vivo como os pássaros nas árvores. Se não há vento (isto é, inspiração) deixo-me ficar; se ventas (isto é, se a inspiração sopre sem seus ouvido psíquicos), abro as asas e vou para onde o vento me levar."
Para melhor positivarmos que ele escrevia sob o influxo de forças invisíveis, e em momentos que sua imaginação não podia absolutamente sugerir determinados assuntos, basta citemos esta sua confissão:
- "Minhas mais loucas fantasias saíram muitas vezes dos meus dias nebulosos. Imagine-se uma tempestade - que era seu estado de alma -, com relâmpagos cor-de-rosa."
Há uma passagem da vida agitada desse indomável mestiço, citada por um de seus biógrafos, que é bem um atestado das suas faculdades mediúnicas. É a seguinte:
"À noite, depois de um dia de intenso trabalho, na confecção de seus romances, ceia alegremente: relata a seus amigos o que fizeram suas personagens durante o dia, e, curioso, antegoza só em pensar sobre o que elas iriam fazer no dia seguinte; e quando os outros, de natureza mais débil, se admiravam de semelhante regímen, respondia que absolutamente não se encontrava fatigado. - "Não faço romances nem peças, tudo se faz por si. Não crio histórias. Elas criam-se dentro de mim." Mas como? Nem ele o sabia; em resposta, limitava-se a dizer: -"Perguntai às ameixeira como é que ela dá ameixas!"
Alexandre Dumas era dotado de grande força hipnótica. Certa feita experimentara o seu poder hipnótico com Alexis Didier, célebre sonâmbulo, e tão bom resultado conseguiu, que Didier, depois de despertar, exclamou:
- Toma cuidado! Fosse um pouco mais forte o teu poder eu estaria morto.
Em sua profissão de fé aos vigários da França, encontramos este trecho assaz interessante: "Se, entre os escritores modernos, um existe que tenha defendido o Espiritualismo, proclamando a imortalidade da alma, que tenha exaltado a religião cristã, far-me-eis a justiça de dizer que sou eu."
Sentindo próximo o fim de seus dias na Terra, Alexandre Dumas foi para a casa do filho.
- Meu filho, vim morrer perto de ti.
Depois disso, fez-se taciturno. E quando seus amigos sacudiam a cabeça com tristeza e comentavam que Dumas começara a decair, seu filho redarguia:
- Um cérebro como o de meu pai nunca entra em declínio. Se le se recusa a falar conosco na linguagem de hoje é porque está começando a compreender a linguagem da eternidade!

Sylvio Brito Soares

Albrecht Durer

Plutarco asseverou que a pintura deve ser uma poesia silenciosa, e a poesia uma pintura que fala.
Isto significa, portanto, que a arte nada será, desde que não tenha alma.
Só o gênio é capaz de transmitir alma às suas produções, porque todos os homens de Gênio no dizer do encatador Léon Denis, voluntária ou involuntariamente, conscientemente ou não, se acham em relação com o Além, dele recebem poderosos eflúvios, e inspiradores invisíveis os assistem e colaboram em suas obras.
Basta relancearmos os olhos pelas páginas da história profana e religiosa de todos os tempos, para verificarmos como os fenômenos mediúnicos influenciaram e continuam influenciando profetas, santos, sábios, oradores, artistas, etc.
Em 1471, na cidade alemã de Nuremberg, nasceu Albertch Durer, que desde logo deu provas de um talento precoce. Foi ao mesmo tempo pintor, gravador, escultor e arquiteto.
Na Alemanha, foi ele o maior pintor de imaginação rica. Filho de hábil ourives, aprendeu sem dificuldade o ofício paterno e, com quinze anos de idade, conseguiu, pleno de alegria, frequentar, por espaço de três anos, as aulas do pintor e gravador Michael Wohlgemuth.
Contava 23 anos quando se consorciou com Àgnes Frey, mulher de grande beleza, mas de caráter egoísta e muito ciumenta, pelo que transformou a vida do esposo em verdadeiro tormento.
Isso, porém não impediu que ele se entregasse com amor e alma à arte pictórica, além das de gravador, escultor e arquiteto.
Foi infatigável no trabalho. Conta-se que certa feita encontrava-se seriamente preocupado, pelo que passara a noite toda velando e meditando.
"Queria pintar os quatro evangelistas e, tendo retocado esboços, que não exprimiam a seu gosto o ideal que imaginara, atirou os pincéis, abriu a janela e pôs-se a contemplar as estrelas. A inspiração lhe veio nesse momento de tristeza. A luz projetava sua claridade nos monumentos e nas agulhas das catedrais de Nuremberg. E ele disse então: 'Permitistes a homens transformar, aí, lascas de pedra em construções harmônicas, de majestosas linhas. Consenti-me transportar, para a tela, o que eu trago na alma.'
Viu a serguir, a Igreja de São Sebaldo avermelhar-se em fogo, e nuvens azuis formarem um fundo em que se desenhavam as imponentes figuras dos quatros evangelistas. Durer exclamou maravilhado: - Eis os rostos que inutilmente tenho procurado fixar."

Sylvio Brito Soares

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Missão de Allan Kardec

"A missão dos reformadores está cheia de escolhos e de perigos e a tua é rude, disso te previno, porque é o mundo inteiro que se trata de agitar e de transformar." - Espírito Verdade (Obras Póstumas)

“Escrevo esta nota no dia 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que esta comunicação me foi dada, e verifico que ela se realizou em todos os pontos, porque experimentei todas as vicissitudes que nela me foram anunciadas. Tenho sido alvo do ódio de implacáveis inimigos, da injúria, da calúnia, da inveja e do ciúme; têm sido publicados contra mim infames libelos; as minhas melhores instruções têm sido desnaturadas; tenho sido traído por aqueles em quem depositara confiança, e pago com a ingratidão por aqueles a quem tinha prestado serviços. A Sociedade de Paris tem sido um contínuo foco de intrigas, urdidas por aqueles que se diziam a meu favor, e que, mostrando-se amáveis em minha presença, me detratavam na ausência.
Disseram que aqueles que adotavam o meu partido eram assalariados por mim com o dinheiro que eu arrecadava do Espiritismo. Não mais tenho conhecido o repouso; mais de uma vez, sucumbi; sob o excesso do trabalho, tem-se-me alterado a saúde e comprometido a vida.
“Entretanto, graças à proteção e à assistência dos bons Espíritos, que sem cessar me têm dado provas manifestas de sua solicitude, sou feliz em reconhecer que não tenho experimentado um único instante de desfalecimento nem de desânimo, e que tenho constantemente prosseguido na minha tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com a malevolência de que era alvo. Segundo a comunicação do Espírito Verdade, eu devia contar com tudo isso, e tudo se verificou.”


Allan Kardec