quinta-feira, 28 de maio de 2009

A Objetividade do Espiritismo

Podemos representar o Espiritismo como um aeronave, pois ele possui corpo central, a filosofia, duas asas, a ciência e a religião, em perfeito equilíbrio, e um leme, o bom senso.
Conhecemos fartamente os três primeiros elementos constitutivos do providencial avião mas pouco nos apercebemos do quarto, o leme, talvez porque em figuração física seja de tamanho menor e menos saliente. Nem por isso tem sua importância reduzida.
Sem bom senso não há Espiritismo e, se há, sua viagem pelo ( ou para o) céu do nosso destino sai da rota certa, perde a direção acabando em desastre, cedo ou tarde. É o que acontece quando a Doutrina se vê pilotada por adepto amante de piruetas, que não consulta os instrumentos de bordo nem respeita as condições meteorológicas do espaço humano.
Allan Kardec, cognominado de bom senso encarnado, conclui o Capítulo IV, Primeira Parte, de "O Livro dos Médiuns", intitulado Dos Sistemas, com estas sábias e ainda hoje oportunas palavras:

"Assim, Espíritos, que podemos considerar adiantados ainda não conseguiram sondar a natureza da alma. Como poderíamos nós fazê-lo? É, portanto, perder tempo querer perscrutar o princípio das coisas que, como foi dito em O Livro dos Espíritos (n°s 17 e 49), está nos segredos de Deus. Pretender esquadrinhar, com o auxílio do Espiritismo, o que escapa à alçada da Humanidade, é desviá-lo do seu verdadeiro objetivo, é fazer como a criança que quisesse saber tanto quanto o velho. Aplique o homem o Espiritismo em aperfeiçoar-se moralmente, eis o essencial. O mais não passa de curiosidade estéril e muitas vezes orgulhosa, cuja satisfação não o faria adiantar-se um passo . O único meio de nos adiantarmos consiste em nos tornarmos melhores. Os Espíritos que ditaram o livro que lhes traz o nome demonstraram a sua sabedoria, mantendo-se, pelo que concerne ao princípio das coisas, dentro dos limites que Deus não permite sejam ultrapassados e deixando aos Espíritos sistemáticos e presunçosos a responsabilidade das teorias prematuras e errôneas, mais sedutoras do que sólidas, e que um dia virão a cair, ante a razão, como tantas outras surgidas dos cérebros humanos. Eles, ao justo, só disseram o que era preciso para que o homem compreendesse o futuro que o aguarda e para, por essa maneira, animá-lo à prática do bem."

Aí está desenhado, em tintas vivas, o caráter objetivo de nossa Doutrina, concebida pelos Espíritos Superiores para ofertar à Humanidade orientações educativas e não especulações inconsequentes como o fazem tantas outras filosofias paralelas, as quais, intentando voar mais alto para devassar nuvens coloridas de verdades transcendentes, terminam esgotando o combustível da lógica nas zonas de turbulência da ilusão.

Nazareno Tourinho

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