Dizia o Apóstolo Paulo que há eunucos feitos pelos homens e os que se fazem eunucos por amor ao Reino de Deus. Há também os que nascem eunucos. Aplicando-se isso aos nossos dias podemos dizer que há celibato forçado por deficiências orgânicas congênitas, por acidentes mutiladores e pelo desejo de servir a Deus. Mas o Espiritismo, colocando os antigos problemas místicos e as velhas superstições religiosas à luz da razão, nos mostra a contradição da suposta dedicação a Deus através de violações egoístas das leis naturais. Se há, por assim dizer, todo um dispositivo natural de desenvolvimento das potencialidades humanas através de lento e complexo processo evolutivo, como pode o homem, sujeito a esse processo, fechado em suas exigências condicionantes, querer modificá-lo, corrigindo Deus? A quem aproveita o sacrifício de uma jovem saudável na cela de um convento ou a negação por um jovem da sua própria virilidade? O móvel dessas atitudes se revela na ambição egoísta de conquistar o céu para gozo próprio, adiantando-se aos demais e escapando às leis do processo evolutivo natural. Todas as formas de auto-flagelação, cilícios, absteração exagerada, isolamento e quietismo são fugas à realidade que todos devem enfrentar, no cumprimentos dos deveres inalienáveis de solidariedade humana e amor ao próximo. E toda fuga é um ato de desobediência à vontade divina.
José Herculano Pires
Mesmo entendendo o celibato como desnessessário ao serviço de Deus ou Vida, existem pessoas que enveredam por ele involuntariamente, mesmo que aspirando constituir família... Como explicar um caso desta natureza?
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